quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Quanto vale um “sim”?

Você consegue um bom emprego na hora que bem entende?
Você descola um amor do dia para a noite?
Entra num banco e sai de lá com um empréstimo sem burocracia?
Se você respondeu sim a todas estas perguntas, parabéns, e fique atento para o horário de partida do seu disco voador, pois, a qualquer momento, você terá que voltar para o seu planeta!
Entre nós, terrestres, o sim é uma resposta rara.
Na maioria das vezes, não há vagas, não querem editar nossos poemas, não temos fiador, a garota não quer ouvir os discos em sua casa, o garoto não quer usar camisinha e o guarda de trânsito não foi com a sua cara e vai multá-lo sim senhor.
Não está fácil pra ninguém.
Ao contrário do que possa parecer, esta não é uma visão pessimista da vida.
As coisas são assim, dão certo e dão errado.
Pessimismo é acreditar que um “não” seja uma barreira para realizar nossos planos.
Tem gente que fica paralisado diante de um não, nunca mais vai à luta.
Já o otimista resmunga um pouco e, em seguida, respira fundo e segue em frente.
Quando eu tinha uns dezessete anos, mandei meus versos para um concurso de poesia.
Não ganhei nem menção honrosa.
Daí, entreguei meus versos para o Mário Quintana avaliar. Ele não respondeu.
Neste meio tempo, eu estava apaixonada por um cara e ignorava minha existência.
Quando eu não estava pensando nele, fazia planos de morar sozinha, mas o meu estágio não era remunerado.
Aí, quis viajar para a Europa, mas não conseguira entrar num programa de intercâmbio. Surpreendentemente, não passou pela cabeça a idéia de me atirar embaixo de um caminhão.
Hoje tenho nove livros publicados, cinco deles de poesia, sou casada com o homem que amo, tenho a profissão dos sonhos e viajo uma vez por ano, e tudo isso sem ganhar na mega-sena, sem cirurgia plástica, sem pistolão ou pacto com o demônio.
O segredo: cada “não” que eu recebi na vida, entrou por um ouvido e saiu pelo outro.
Não os colecionei, não foram sobrevalorizados; esperei sem pressa a hora do “sim”.
O “não” é tão freqüente, que chega a ser banal.
O “não” é inútil, serve só pra fragilizar nossa auto-estima.
Já o “sim” é transformador.
O “sim” muda sua vida.
“‘Sim’, aceito casar com você”; “’sim’, você foi selecionado”; “’sim’, vamos patrocinar sua peça”; “’sim’, Ana Paula Arósio deu o número do celular dela”.
Quando não há o que detenha você, as coisas começam a acontecer sim.

Martha Medeiros

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